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01 junho 2021

HISTORIA DO BAIRRO BEIRÚ/ TANCREDO NEVES

ORIGEM DO NOME:
Beirú é um nome de origem Ioruba, o bairro recebeu esse nome por causa do escravo vindo da África chamado Gbeirú que viveu na localidade no séc. XIX. Gbeirú foi trazido como escravo e um tempo depois foi comprado pela família Garcia D’ Ávila e trazido para a fazenda campo seco.

QUEM FOI GBEIRÚ...
Um negro escravo trazido da Nigéria sua terra natal, aqui foi comprado pelo Senhor Hélio Garcia D’Ávila, mesmo depois de liberto ele continuou servindo fielmente aos seus senhores o que mais tarde fora recompensado com as terras da fazenda em que trabalhou por mais ou menos vinte anos.
Existe uma versão de que Beirú foi capataz da fazenda perseguindo os negros, mas o movimento negro desmente essa versão e tem Beirú como um herói por que ao receber as terras dos seus senhores ele abrigou outros negros ex-escravos e escravos fugidos e transformou à fazenda campo seco numa extensão do quilombo do cabula.
                                   Preto Gbeirú
QUEM ERAM OS GARCIA D’ÁVILA?
Era uma importante família de origem italiana que foram morar em Portugal e tinham um grande prestígio perante a coroa de Portugal e por isso adquiriu muitas terras na Bahia e sobre tudo Salvador que era a capital do Brasil.
COMO SERÁ QUE COMEÇOU?
Depois de servir fielmente aos seus senhores Gbeiru ganhou as terras da fazenda campo seco e acolheu os negros que fugiam das senzalas e ex- escravos que não tinham onde ficar Com um tempo o negro Beirú  como era chamado morreu e como não tinha herdeiros as terras voltaram para as mãos da família D’Ávila que em homenagem ao negro colocou o nome do lugar Beirú.
As terras foram então vendidas a Miguel Arcanjo, primeiro residente da área. Anos mais tarde, ele fundou um terreiro de Candomblé no local onde estava a Casa-Grande da Fazenda Beiru. A venda das terras data de 1910, ele morreu em 1941, deixando dois herdeiros “Caetana Angélica de Souza e Guilherme Angélica de Souza. Como herdeiro do cargo de pai-de-santo ficou o seu filho-de-santo, Manoel Jacinto”.
  Miguel Arcanjo
LOCALIZAÇÃO...
O bairro do Beiru localiza-se a Noroeste da área do Centro Administrativo da Bahia (CAB), entre a BR 324 e a Avenida Paralela e tem um milhão de metros quadrado possuindo os seguintes limites geográficos: ao Norte limita-se com o bairro da Sussuarana; a Noroeste com bairro da Mata Escura; a Oeste limita-se com as Barreiras; a Sudoeste com Engomadeira e Cabula; a Sul limita-se com bairro da Narandiba; a Sudeste com Cabula VI; a Leste limita-se com bairro do Arenoso e Nordeste com bairro de Novo Horizonte. Por ter uma grande extensão territorial bairro tem muitas ruas, vielas, logradouros, becos e muitas construções inadequadas.
Por isso  a área que faz parte do miolo de Salvador como é conhecida toda área do Cabula está incluída no Projeto Narandiba, que foi desapropriada através do Decreto nº 27.055, pois foi declarada como de interesse social pelo Governo do Estado e pela Prefeitura Municipal.
URBANIZAÇÃO...
Entre os anos de 1938 e 1944, Miguel Arcanjo de Souza moveu uma ação de despejo contra Manoel Cyriaco, que não vinha pagando seus honorários das terras arrendadas, neste tempo pessoas de outros lugares, sobretudo do interior do estado arrendavam terras para morar, era uma espécie de aluguel que com um tempo não eram mais pagos e causavam brigas que acabavam em morte. O problema só foi resolvido anos mais tarde com a expedição de mandato de reintegração de posse das terras. Após tantas disputas, em 1979, o então governador do Estado da Bahia, Antônio Carlos Magalhães resolveu desapropriar todos os herdeiros das terras do Beiru, tirando a posse de todas as terras em detrimento da instalação de um projeto de urbanização da área. Foram entregues, simbolicamente, cerca de 600 títulos de doação de terreno referentes ao projeto, o que mereceu a manchete “Moradores do Beiru receberam terrenos em clima de festa”, veiculado no Correio da Bahia em 18 de Dezembro de 1980.  Cerca de seis anos depois o então Governador da Bahia, João Durval, implantou o projeto que beneficiaria cerca de 80 mil moradores o projeto Beiru, que visava à urbanização, viabilizando a melhoria das moradias, do acesso, infraestrutura, saneamento, o que daria ao Beirú sua atual configuração.
Num plebiscito feito em 02/06/1985, o nome do bairro mudou para homenagear o ex-presidente falecido Tancredo de Almeida Neves, no entanto só a partir 2005 as linhas de transporte passou a adotar a bandeira  T. Neves o que  motivou uma outra versão para a mudança do nome do bairro é que por conta do desgaste na imagem do bairro que se tornou muito violento e marcado pela marginalidade o então vereador Dionísio Juvenal fez a proposta para mudar o nome do bairro e aproveitar e homenagear o presidente Tancredo Neves, proposta essa votada pela maioria no plebiscito. A mudança gerou uma controvérsia e há moradores que preferem o topônimo anterior para o bairro depois de muita discussão e intervenção do movimento negro o bairro passou a ser conhecido como T. Neves/ Beirú.
                                    

NA ATUALIDADE...
Atualmente o Tancredo Neves conta com uma população de cerca de 180 mil habitantes, passou pelo processo de urbanização, resultando em construções de conjuntos habitacionais, a exemplo do Conjunto Arvoredo e já tem um desmembramento muito famoso, que é o Arenoso. Hoje conta com um comercio próprio, rede transporte, pavimentação, serviço de esgotamento, quatro escolas públicas; uma Delegacia da Policia Civil; o Centro de Saúde Dr. Rodrigo Argolo; Linhas de Transporte, insuficiente, de acordo com a comunidade; Saneamento Básico e Luz Elétrica; Cooperativa de Velas e Sabonetes; supermercado; Padarias; Lojas; Restaurantes; Bancas de trabalhadores informais; Igreja Universal do Reino de Deus, a segunda maior da cidade; Praça de Esporte e Lazer, somente uma; o Centro de Integração Familiar (CEIFAR); Associações Comunitárias; Liga Desportiva Quilombo do Beiru; e uma unidade do Pacto pela Vida; dentre outras instituições e grupos. Outro aspecto a ser considerado é a predominância do comércio local, com os estabelecimentos e as feiras livres.

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS...
Nos Colégios Estaduais: Helena Magalhães e Zumbi dos Palmares, é realizado o Programa Escola Aberta, nos quais as crianças e jovens participam de diversas atividades complementares, realizadas nos finais de semana, entre as quais: cursos, oficinas sobre africanidade, teatro, terapia coletiva, informática, artesanato, culinária, manicure, inglês, dança (balé, hip hop, street dance) e capoeira. Sobre o referido programa, cabe informar que o mesmo incentiva e apoia a abertura, nos finais de semana, das unidades escolares públicas localizadas em territórios de vulnerabilidade social. A estratégia é potencializar a parceira entre escola e comunidade, com atividades educativas, culturais, esportivas, de formação inicial para o trabalho, dentre outros, oferecidos aos estudantes e à população do entorno. Além disso, o CEIFAR (Centro de Integração Familiar) promove muitas atividades esportivas, educacionais e culturais no bairro e existe algumas ações isoladas, mas ainda é muito pouco o investimentos em ações culturais e esportivos no bairro..



Resgate da memória afrodescendente. 

http://www.arcadoaxe.comunidades.net/index.php?pagina=1737302757

Daiane Nascimento Santos. Comunicação Comunitária em Bairros Populares: Uma proposta de mobilização para o turismo de base comunitária no Beiru Salvador. Dissertação de Mestrado- UNEB 2012.  disponível em: http://cdi.uneb.br/site/wp-content/uploads/2016/01/daiane_nascimento_dos_santos.pdf 

E conversa com moradores antigos do bairro.

 





África, BERÇO DA HUMANIDADE