MEMÓRIAS HISTÓRICAS
Este blog foi construído com a intenção de contar um pouco da história do bairro do Beirú/ T. Neves, no entanto agora tornou-se espaço de pesquisa e discussão sobre a História e Cultura Afro Brasileira e Africana e outros temas da área de educação. Espero que todos comentem, perguntem, deixem suas sugestões e contribuam para construirmos juntos um espaço de discussão e aprendizagem significativa sobre nossa (s) história (s).
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04 junho 2021
01 junho 2021
HISTORIA DO BAIRRO BEIRÚ/ TANCREDO NEVES
ORIGEM
DO NOME:
Beirú é um nome de origem Ioruba, o
bairro recebeu esse nome por causa do escravo vindo da África chamado Gbeirú
que viveu na localidade no séc. XIX. Gbeirú foi trazido como escravo e um tempo
depois foi comprado pela família Garcia D’ Ávila e trazido para a fazenda campo
seco.
QUEM
FOI GBEIRÚ...
Um negro escravo trazido da Nigéria
sua terra natal, aqui foi comprado pelo Senhor Hélio Garcia D’Ávila, mesmo
depois de liberto ele continuou servindo fielmente aos seus senhores o que mais
tarde fora recompensado com as terras da fazenda em que trabalhou por mais ou
menos vinte anos.
Existe uma versão de que Beirú foi
capataz da fazenda perseguindo os negros, mas o movimento negro desmente essa
versão e tem Beirú como um herói por que ao receber as terras dos seus senhores
ele abrigou outros negros ex-escravos e escravos fugidos e transformou à
fazenda campo seco numa extensão do quilombo do cabula.
Preto Gbeirú
QUEM
ERAM OS GARCIA D’ÁVILA?
Era uma importante família de origem
italiana que foram morar em Portugal e tinham um grande prestígio perante a
coroa de Portugal e por isso adquiriu muitas terras na Bahia e sobre tudo
Salvador que era a capital do Brasil.
COMO SERÁ QUE COMEÇOU?
Depois de servir fielmente aos seus
senhores Gbeiru ganhou as terras da fazenda campo seco e acolheu os negros que
fugiam das senzalas e ex- escravos que não tinham onde ficar Com um tempo o
negro Beirú como era chamado morreu e
como não tinha herdeiros as terras voltaram para as mãos da família D’Ávila que
em homenagem ao negro colocou o nome do lugar Beirú.
As terras foram então vendidas a
Miguel Arcanjo, primeiro residente da área. Anos mais tarde, ele fundou um
terreiro de Candomblé no local onde estava a Casa-Grande da Fazenda Beiru. A
venda das terras data de 1910, ele morreu em 1941, deixando dois herdeiros
“Caetana Angélica de Souza e Guilherme Angélica de Souza. Como herdeiro do
cargo de pai-de-santo ficou o seu filho-de-santo, Manoel Jacinto”.
Miguel Arcanjo
LOCALIZAÇÃO...
O bairro do Beiru localiza-se a
Noroeste da área do Centro Administrativo da Bahia (CAB), entre a BR 324 e a
Avenida Paralela e tem um milhão de metros quadrado possuindo os seguintes
limites geográficos: ao Norte limita-se com o bairro da Sussuarana; a Noroeste
com bairro da Mata Escura; a Oeste limita-se com as Barreiras; a Sudoeste com
Engomadeira e Cabula; a Sul limita-se com bairro da Narandiba; a Sudeste com
Cabula VI; a Leste limita-se com bairro do Arenoso e Nordeste com bairro de
Novo Horizonte. Por ter uma grande extensão territorial bairro tem muitas ruas,
vielas, logradouros, becos e muitas construções inadequadas.
Por isso a área que faz parte do miolo de Salvador
como é conhecida toda área do Cabula está incluída no Projeto Narandiba, que
foi desapropriada através do Decreto nº 27.055, pois foi declarada como de
interesse social pelo Governo do Estado e pela Prefeitura Municipal.
URBANIZAÇÃO...
Entre os anos de 1938 e 1944, Miguel
Arcanjo de Souza moveu uma ação de despejo contra Manoel Cyriaco, que não vinha
pagando seus honorários das terras arrendadas, neste tempo pessoas de outros
lugares, sobretudo do interior do estado arrendavam terras para morar, era uma
espécie de aluguel que com um tempo não eram mais pagos e causavam brigas que
acabavam em morte. O problema só foi resolvido anos mais tarde com a expedição
de mandato de reintegração de posse das terras. Após tantas disputas, em 1979,
o então governador do Estado da Bahia, Antônio Carlos Magalhães resolveu
desapropriar todos os herdeiros das terras do Beiru, tirando a posse de todas
as terras em detrimento da instalação de um projeto de urbanização da área.
Foram entregues, simbolicamente, cerca de 600 títulos de doação de terreno
referentes ao projeto, o que mereceu a manchete “Moradores do Beiru receberam
terrenos em clima de festa”, veiculado no Correio da Bahia em 18 de Dezembro de
1980. Cerca de seis anos depois o então
Governador da Bahia, João Durval, implantou o projeto que beneficiaria cerca de
80 mil moradores o projeto Beiru, que visava à urbanização, viabilizando a
melhoria das moradias, do acesso, infraestrutura, saneamento, o que daria ao Beirú
sua atual configuração.
Num
plebiscito feito em 02/06/1985, o nome do bairro mudou para homenagear o
ex-presidente falecido Tancredo de Almeida Neves, no entanto só a partir 2005 as linhas de transporte passou a adotar a bandeira T. Neves o que motivou uma outra versão para a mudança
do nome do bairro é que por conta do desgaste na imagem do bairro que se tornou
muito violento e marcado pela marginalidade o então vereador Dionísio Juvenal
fez a proposta para mudar o nome do bairro e aproveitar e homenagear o
presidente Tancredo Neves, proposta essa votada pela maioria no plebiscito. A
mudança gerou uma controvérsia e há moradores que preferem o topônimo anterior
para o bairro depois de muita discussão e intervenção do movimento negro o bairro
passou a ser conhecido como T. Neves/ Beirú.
NA ATUALIDADE...
Atualmente o Tancredo Neves conta com
uma população de cerca de 180 mil habitantes, passou pelo processo de
urbanização, resultando em construções de conjuntos habitacionais, a exemplo do
Conjunto Arvoredo e já tem um desmembramento muito famoso, que é o Arenoso.
Hoje conta com um comercio próprio, rede transporte, pavimentação, serviço de
esgotamento, quatro escolas públicas; uma Delegacia da Policia Civil; o Centro
de Saúde Dr. Rodrigo Argolo; Linhas de Transporte, insuficiente, de acordo com
a comunidade; Saneamento Básico e Luz Elétrica; Cooperativa de Velas e
Sabonetes; supermercado; Padarias; Lojas; Restaurantes; Bancas de trabalhadores
informais; Igreja Universal do Reino de Deus, a segunda maior da cidade; Praça
de Esporte e Lazer, somente uma; o Centro de Integração Familiar (CEIFAR);
Associações Comunitárias; Liga Desportiva Quilombo do Beiru; e uma unidade do
Pacto pela Vida; dentre outras instituições e grupos. Outro aspecto a ser
considerado é a predominância do comércio local, com os estabelecimentos e as
feiras livres.
MANIFESTAÇÕES
CULTURAIS...
Nos Colégios Estaduais: Helena
Magalhães e Zumbi dos Palmares, é realizado o Programa Escola Aberta, nos quais
as crianças e jovens participam de diversas atividades complementares,
realizadas nos finais de semana, entre as quais: cursos, oficinas sobre
africanidade, teatro, terapia coletiva, informática, artesanato, culinária,
manicure, inglês, dança (balé, hip hop, street dance) e capoeira. Sobre o
referido programa, cabe informar que o mesmo incentiva e apoia a abertura, nos
finais de semana, das unidades escolares públicas localizadas em territórios de
vulnerabilidade social. A estratégia é potencializar a parceira entre escola e
comunidade, com atividades educativas, culturais, esportivas, de formação
inicial para o trabalho, dentre outros, oferecidos aos estudantes e à população
do entorno. Além disso, o CEIFAR (Centro de Integração Familiar) promove muitas
atividades esportivas, educacionais e culturais no bairro e existe algumas
ações isoladas, mas ainda é muito pouco o investimentos em ações culturais e
esportivos no bairro..
Fonte de pesquisa: jornal do beiru.http://jornaldobeiru.wordpress.com/2007/10/27/historia-do-beiru/
Resgate da memória afrodescendente.
http://www.arcadoaxe.comunidades.net/index.php?pagina=1737302757
Daiane Nascimento Santos. Comunicação Comunitária em Bairros Populares: Uma proposta de
mobilização para o turismo de base comunitária no Beiru Salvador.
Dissertação de Mestrado- UNEB 2012. disponível em: http://cdi.uneb.br/site/wp-content/uploads/2016/01/daiane_nascimento_dos_santos.pdf
E conversa com moradores antigos do bairro.
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